De acordo com matéria publicada pelo Jornal Diário do Estado no dia 09/10/2021, com texto da Jornalista Ysabela Portela, o Rio Vermelho é um dos principais rios do estado de Goiás, com cerca de 282km de extensão e banha 11 municípios goianos. Nasce na Cidade de Goiás e seu desague é no Rio Araguaia, em Aruanã. Há cerca de 30 anos, com o constante desmatamento ao seu redor, o curso original do seu leito foi desviado em 16km e, as águas que deveriam alimentar o Lago dos Tigres, em Britânia, no Noroeste Goiano, criaram um novo trajeto.
Com a destruição das Áreas de Proteção Permanentes (APP) e, consequentemente a falta da proteção natural nas margens, a terra levada pelo Rio Vermelho vai direto para o Araguaia. A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA) investiga o caso.
“Foram 24km de desvio do leito normal e que não passa mais água. Nessa região, existem 124 curvas, o que é normal para um rio, pois rios são tortuosos. Já na parte desviada, são 16km de linha reta, dentro de área de pastagem e sem nenhuma vegetação. Os peixes ficam sem abrigo porque não tem nem 20 curvas”, alerta o Sr. Elcio Francisco Carvalho, Secretário do Meio Ambiente de Britânia.Ainda, de acordo com a pasta, há um projeto de obras para que seja realizado o desvio para o leito original, mas se encontra parado na Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) desde 2018. Elcio ainda informa que no mês de agosto, dia 02 de agosto, houve uma reunião com a própria Semad para averiguar o andamento do processo e foi combinado uma visita in loco em Britânia, mas a ida nunca ocorreu.
Impactos ambientais
Quando um rio é desviado de seu curso natural, diversos impactos podem seguir essa alteração, como explica o doutor em Biologia Vegetal, Rafael Pinto: “Por exemplo, pequenos peixes que servem de alimento a toda uma cadeia trófica, podem não possuir força suficiente para enfrentar grandes correntezas no centro do leito, vivendo então às margens dos rios, junto às matas ciliares. Em alguns rios, pequenas curvas podem abrigar espécies endêmicas, não sendo encontradas em mais nenhum local ao longo do rio”, ele ainda salienta que uma vez que o rio é desviado de seu curso natural, a vida destas espécies fica comprometida o que pode ocasionar extinção.
Rafael relata que a mudança do curso também pode influenciar o processo de evolução das espécies nativas da região, “O rio carrega sementes de plantas nativas das matas ciliares, sendo de extrema importância para o fluxo gênico das espécies nativas locais. Uma vez que o rio é desviado, esse fluxo pode ser interrompido, comprometendo processos de migração e evolução de espécies nativas, podendo levar à extinção das espécies mais sensíveis e perda da biodiversidade em toda a cadeia alimentar”, por consequência, de acordo com o biólogo, as populações que dependem da biodiversidade e da qualidade das águas do rio impactado podem ter sua qualidade de vida comprometida, causando problemas sociais e de saúde pública.
Por Gessy Chaves
Jornalista
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