Eventos: A crise silenciosa de um dos setores mais afetados pela pandemia na Cidade de Goiás


Desde o começo da pandemia, em março de 2020, a realização de eventos de grande porte sequer passa mais pela cabeça da maior parte da população. Seja por medo da taxa de contaminação crescente ou pela proibição, de fato, por parte dos órgãos governamentais que proíbem aglomerações. Entretanto, o setor de eventos é conhecido por movimentar diferentes áreas de atuação, desde a locação até a prestação de serviços, deixando a mercê e sem auxílio empreendedores e autônomos da área.

Na Cidade de Goiás, a realização de eventos está proibida mediante decretos municipais publicados a cada 14 dias, sendo que ao longo de mais de 1 ano tais decretos sofreram diversas alterações e flexibilizações de acordo com a situação atual. Com a chegada da vacina e com o progresso das campanhas de imunização, já é notada uma grande flexibilização por parte do governo municipal.

Publicado nesta sexta-feira/16, o decreto de N°120 pode ser considerado um dos mais flexíveis até o momento com abertura do comércio (restaurantes e similares) e toque de recolher ás 00:00h, sendo permitido até música ao vivo nos locais, porém, ainda sem nenhuma permissão ou flexibilização para a área de eventos. No Art. 1º do documento, é estabelecida a proibição de “[...] eventos privados de qualquer natureza, desde que presenciais, inclusive reuniões, que ensejam aglomerações e que sejam propícios à disseminação do COVID-19”.

Ainda conforme o decreto, ''ressalvados eventos em estabelecimentos comerciais precedidos de autorização expressa da autoridade sanitária municipal, mediante nota técnica específica solicitada com 5 dias de antecedência.''

O posicionamento de flexibilização por parte da prefeitura é reafirmado com a reabertura da estátua de Cora Coralina, que estava completamente vedada para evitar a aglomeração desde o início de março, e liberada ao público em 08 de junho.

EMPREENDEDORES EM CRISE

Lorena, proprietária do Ateliê de Festas, possui o negócio há cerca de 6 anos na cidade de Goiás e, segundo a empreendedora, cerca de 4 a 6 eventos eram realizados mensalmente, sendo então uma grande queda com a chegada da pandemia.
"Nesse novo normal, tivemos que nos readaptar para manter nossa saúde física e mental intacta. Para nós, que trabalhamos com a realização de sonhos em forma de eventos, o impacto também veio em mão dupla. Nos afetou tanto o lado emocional com as perdas de pessoas queridas, familiares e clientes, quanto no lado financeiro, pois já são quase um ano e quatro meses sem trabalho efetivo. declarou Lorena para a nossa redação.
Ficar parado não é uma opção viável financeiramente, portanto a reinvenção e criatividade foi essencial para empreendedores e atuantes da área. Lorena criou o “KIT FESTA EM CASA”, pensado para comemorações em casa como aniversários, bodas, chá de revelação e outras modalidades.
Sabemos o quanto é preocupante o descontrole desse vírus, mas também, como um dos setores econômicos mais afetados, estamos vendo a cada dia o nosso serviço, sendo ainda mais desvalorizado. Ficamos na esperança que, com o avanço na vacinação e a queda nos indicadores da pandemia de Covid, possamos voltar a trabalhar o mais rápido possível, com todo o cuidado necessário e de acordo com a aplicação de todos os protocolos de segurança. desabafa a proprietária do Ateliê.
AUTÔNOMOS

O setor de eventos não se relaciona somente à locação dos espaços, mas também dos inúmeros serviços terceirizados que variam de evento para evento. Nesse ponto, a restrição de eventos prejudica a todo um ciclo de profissionais, a exemplo das áreas de decoração, locação de mesas, audiovisual para músicas, iluminação, buffet e serviços de atendimento (garçons, recepcionistas, seguranças). Sem a contratação, a renda fica parada e concentrada nas mãos de poucos, prejudicando assim a economia local.

Douglas Natan é fotógrafo, atuando principalmente em casamentos, festas de debutantes (aniversários de 15 anos), festas infantis e ensaios em geral. Atuando na área há mais de 5 anos, costumava a trabalhar mensalmente em 2 ou 3 eventos - variando de acordo com a época do ano/demanda - chegando a fotografar até 5 eventos em apenas um mês.

Com a chegada (e agravamento), Douglas diz ter fotografado apenas 6 casamentos nos últimos dois anos, sendo o último, 6 meses atrás. Ele diz que:
“[...] o isolamento social foi importante nesse primeiro momento, que tinham muitos casos na cidade. Mas acredito que agora com o relaxamento do decreto em algumas áreas, a área de eventos deveria ser lembrada também, pois é uma importante área para a cidade e para quem depende dela para trabalhar.
O isolamento e as medidas de restrições trouxeram então um vazio na agenda de tais profissionais, pois devido ao fato de que não há previsão para liberação de eventos, muitos não foram adiados e sim simplesmente cancelados.

No caso de Douglas, ele afirma que:
"a única saída foi rasgar os contratos, já que os clientes adiaram as datas sem previsão de uma nova data com medo dos decretos” e critica também a flexibilização dos decretos, onde opina que “[...] alguns dos decretos inesperados beneficiaram uma certa classe de comércio na cidade, chamada de serviços essenciais, e deixam o restante à própria sorte".
SEM APOIO

Emerson presta serviços de Buffet, Coral e Banda há mais de 10 anos em Goiás como banda, e mais de 3 anos com o serviço de buffet. A média de eventos realizados por ele chega a ser de apenas 20% da demanda pré-pandemia, já que a média de eventos realizados anteriormente era variável.
Sem apoio algum, o nosso setor ficou à mercê da esperança dos decretos e liberações, e até hoje na verdade estamos. Tivemos que devolver muito, mais muito dinheiro para clientes que já haviam pago seus eventos e desistiram de fazer por conta dos decretos de proibição.” disse Emerson.
O empreendedor finaliza dizendo que:
“Sabemos da real necessidade de ter consciência da não aglomeração e dos cuidados com contaminações pela COVID-19, mas questionamos também o comércio aberto, as coisas voltando a funcionar, mas não em nossas áreas”.
Com mais de 1.600 casos de Covid-19 e 59 óbitos causados pela doença no município, a esperança de tempos melhores e da vacinação para todos é o desejo comum de todos nacionalmente, e principalmente, na Cidade de Goiás.

Por João Pedro Felix 
ASCOM CNN
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